Os
aspectos organizacionais da tríplice fronteira – observações empíricas.
Alunos: Fabrício Alexandre Ridal
Gabriel de Sá Teixeira
Matheus Di
Osti Romagnolli
Vinícius Biazotto Gomes
2012-06-19
1. Introdução.
Entre os
dias 08 e 10 de Junho foi realizado um trabalho de campo em conjunto com as
disciplinas de Geografia do Brasil (6GEO028) e Recursos Naturais e Educação
Ambiental (6GEO029) na tríplice fronteira entre o Brasil, o Paraguai e a
Argentina, mais especificamente nas cidades de Ciudad del Este (Paraguai),
Puerto Iguazu (Argentina) e Foz do Iguaçu (Brasil). Para a disciplina de Geografia
do Brasil, as três cidades foram os pontos de maior interesse para a análise.
Neste
relatório serão apresentadas as observações realizadas no trabalho de campo,
contextualizando as problemáticas urbanísticas e de ocupação do solo.
A figura
01 apresenta os pontos de parada do trabalho de campo.
Figura 01: Pontos de interesse no trabalho de
campo. Fonte: Google Maps. Org: Autores.
Os
pontos demarcados em ordem de visita são os seguintes: Ponto A: Ciudad del
Este; Ponto B: Usina hidrelétrica de Itaipu; ponto B2: Ecomuseu; Ponto C:
Cataratas do Iguaçu; Ponto D: Puerto Iguazu.
2. Ciudad
del Este – análise espacial.
Ciudad
del Este é uma das mais importantes cidades do Paraguai, sendo a segunda do
país em termos de população, contando com aproximadamente 390.000 habitantes, é
a capital do seu departamento, – região administrativa que possui status
equivalente ao de estado no Brasil – Alto Paraná.
A cidade
teve o seu início por volta de meados do século XX, com uma aglomeração que
posteriormente recebeu o título de cidade. O seu crescimento ocorreu de forma
muito rápida, tendo ocorrido em grande parte relacionada à construção da Usina
Hidrelétrica e Itaipu e às diferenças tributárias e comerciais existentes entre
o regime de Zona Franca daquela área e o existente no Brasil, que na década de
1970 instituiu algumas medidas de cunho protecionista para a indústria
nacional.
Nessa década além de terem sido adotadas algumas medidas
de incentivo à indústria nacional, foi estabelecida uma reserva do mercado
interno para o setor, limitando então a variedade de produtos que podiam ser
encontrados no comércio brasileiro. Essas medidas surgiram para desenvolver e
diversificar a matriz industrial, para conter os saldos negativos da balança
comercial e o endividamento do estado agravados, na década anterior (Lamonica,
Feijó, 2011).
Quanto ao fluxo comercial, Rabossi (2007, p. 296)
demonstra que o regime militar imposto no Paraguai pelo ditador Stroessner
facilitava a importação de produtos para o comércio na fronteira por meio de
incentivos como a redução de tarifas de importação e exportação.
Este comércio se ancorava principalmente nas diferenças
tarifarias e no sistema protecionista adotado pelo governo brasileiro, fazendo
com que alguns tipos de produtos tanto em termos de diversidade, quanto em
preço, só pudessem ser encontrados após a Ponte da Amizade, estimulando assim
as compras para o uso pessoal ou até mesmo para a revenda destes produtos no
Brasil.
Além
disto, Ciudad del Este e a Ponte da Amizade têm destaque na exportação e na
importação de produtos, que atravessam em muitos casos todo o estado do Paraná
em um fluxo que se dirige do/ao Porto de Paranaguá. O estado do Paraná, assim
como o Brasil são espaços a ser percorridos pelos produtos que saem ou entram
no Paraguai, pois juntamente com a Bolívia, são os únicos países do continente
que não possuem saída para os oceanos.
Este
fluxo de mercadorias que passam pelo Brasil foi observado no trabalho de campo
realizado em 2011 para a disciplina Regionalização do Espaço Mundial. A figura
02 apresenta caminhões usados que são importados da Europa pelo Paraguai.
Figura 02: Caminhões usados importados pelo
Paraguai. Fonte: Autor.
O mercado de trabalho de
Ciudad del Este é formado por imigrantes internos vindo da área rural que
acabam trabalhando como cambistas, atendentes ou carregadores e externos vindos
de diversas partes do mundo, como os árabes, chineses e também brasileiros,
esses que na sua maioria vivem em Cidade Del Este ou em Foz do Iguaçu, sendo
que neste último caso, há a necessidade de se fazer a travessia da ponte
cotidianamente.
Rabossi (2007) que fez um
estudo sobre os migrantes que se estabeleceram na tríplice fronteira pontua que
os primeiros árabes que se instalaram na cidade de Foz do Iguaçu em bairros
próximos à Ponte da Amizade se dedicaram a indústria têxtil exportando para o
Paraguai, logo passando a se instalar na Cidade Del Este abrindo pequenas lojas.
Além destes, haviam alguns
imigrantes que chegaram sem capital e viram no comercio uma atividade com
capacidade de lhes trazer um rápido retorno de capital. Com isso a região da
Tríplice Fronteira tornou-se um atrativo aos imigrantes que começaram a chegar.
Como foi visto in loco durante o
trabalho de campo na Ciudad del Este a maior parte dos produtos que circundam
as quadras relativas ao centro de comercio da cidade, são produtos têxteis e
eletrônicos, sendo que hoje a maior parte dos vendedores ambulantes não são emigrantes,
pois ou eles cresceram economicamente e tornaram-se donos de grandes
estabelecimentos comerciais, como a Casa China, ou retornaram para o país de
origem.
Os vendedores ambulantes vistos em nosso trabalho de campo são na
maioria dos casos moradores de bairros pobres ou de regiões rurais próximas a
cidade e trabalham vendendo pen drives, meias, batatas entre outros produtos legais
e alguns artefatos ilegais como remédios e armas.
Nas ruas de Ciudad del Este
se pode constatar não apenas a presença de vendedores ambulantes maiores de
idade, mas também crianças comercializando produtos alimentícios, isso se deve
as diferenças socioeconômicas na área da Tríplice Fronteira, pois em muitos
deles a renda é concentrada nos setores mais ricos da população e com isso há
um aumento considerável de famílias pobres, sendo assim as crianças são
colocadas para trabalhar e auxiliar a família na obtenção de renda. Além disso,
é preocupante a presença de crianças trabalhando em situações precárias em
outros setores, como nas agroindústrias onde atuam em atividades perigosas
como, por exemplo, no manuseio de maquinas pesadas e agroquímicos. As crianças
e adolescentes nesta região encontram-se vulneráveis à violação de direitos humanos
e a exclusão social.
A violação dos direitos da
criança e dos adolescentes se da também através das migrações interna e externa
das famílias, para cidades do próprio Paraguai e também para os países
vizinhos.
De acordo com Itaipu (20??),
a violência contra a criança e o adolescente também acontece nas cidades da Tríplice
Fronteira, esta violência é relacionada na grande maioria dos casos com a situação
de pobreza em que vive a maioria das famílias da região, além do envolvimento
com álcool e drogas, a baixa escolaridade e a cultura patriarcal.
Em Ciudad del Este é verificado
grande números de denuncias de abuso sexual em menores de 18 anos, e há também
o abuso através da comercialização de crianças e adolescentes como objetos
sexuais e pelo tráfico de pessoas, que muitas vezes são oferecidos aos turistas
que apresentam melhores condições econômicas. As crianças que sofrem este tipo
de abuso têm comumente entre 9 e 17 anos e são obrigadas a trabalhar vendendo
seu corpo e recebendo em troca pequenos valores ou porções de drogas, já que em
muitos casos elas são viciadas em entorpecentes. Os lugares de exploração são
geralmente nas ruas próximas aos centros de comércio intenso da cidade além dos
prostíbulos, hotéis, clubes noturnos entre outros. Com o avançar da idade,
estes indivíduos passam a ser usados para o transporte de drogas para outros
países.
No
entanto, foco do nosso trabalho no Paraguai eram as observações urbanísticas de
Ciudad del Este, com a comparação da situação existente naquele espaço com as
vivências que temos no Brasil. Logo na saída de Foz do Iguaçu, já se observa
uma mudança de forma gradual na paisagem, que passa a ser mais desorganizada,
suja e poluída em termos visuais.
O
trânsito também estava bastante complicado, desde o viaduto entre as Avenidas
Juscelino Kubitscheck e Tancredo Neves com a Rodovia PR 277, ainda que tenhamos
chegado logo cedo nas proximidades da Ponte da Amizade. A travessia da ponte e
das aduanas foi a pé e em grupos, que após a entrada no Paraguai, se
distribuíram inicialmente para as suas respectivas quadras no intuito de fazer
as suas observações.
O nosso
ponto de estudo foi a quadra 10, que tem como principal marco a Nave Shop, loja
esta que ocupa sozinha um prédio de 10 andares, vendendo uma variada gama de
produtos, desde eletrônicos até alimentos e artigos de vestuário. Perto das
outras lojas da quadra, percebeu-se um grande contraste com a Nave, pois esta
possuía uma maior organização e limpeza, parecendo no ambiente interno, algumas
das lojas encontradas em shoppings centers no Brasil. A figura 03 apresenta a
fachada da Nave Shop.
Figura 03: Fachada da Naveshop. Fonte: Skyscraperlife
As demais lojas da quadra eram na sua maioria de porte
pequeno, convivendo nas suas calçadas com os ambulantes e com os mesiteros –
comerciantes que se utilizam de barracas para a sua atividade - que
praticamente impediam o fluxo de pedestres pelas calçadas. Estas lojas pequenas
geralmente eram especializadas em algum tipo de produto e seu ambiente interno
era menos organizado. Na parcela norte da quadra de nossa análise havia também
alguns barracos de madeira, que pareciam não ser utilizados para moradia, mas
sim como depósitos ou algo neste sentido.
Assim,
na quadra 10, foi visualizada uma grande discrepância entre os estabelecimentos
comerciais existentes, que convivem lado a lado e disputam em muitos casos os
mesmos consumidores, ainda que tenham características de atendimento e prediais
consideravelmente distintas.
Passando
a analisar as características propostas no roteiro de campo pela professora da
disciplina, constatamos que as características do ambiente urbano de Ciudad del
Este se aproximam do caos, como nos foi atentado do trabalho de campo. Mesmo
que a aparência seja de caos, há uma forte organização que faça com que tudo o
que se refere as estruturas comerciais e financeiras ainda acabe funcionando
mesmo de um jeito precário, com as infra-estruturas existentes, problemas de
segurança e o fluxo muito grande de pessoas.
Apesar
de existir uma legislação ambiental, como demonstrada no trabalho de Gomes
(2008), esta legislação é mais atrasada em comparação com a brasileira e a
argentina e a sua aplicação prática é praticamente nula, sendo poucos os
projetos desenvolvidos para o controle e para a melhoria do ambiente. Como a
fiscalização também é deficitária, os problemas ambientais se acumulam e fazem
presentes para qualquer observador que se dirija até aquela cidade.
Na
quadra 10 havia uma grande quantidade de lixo nas ruas, principalmente caixas
de papelão e plástico oriundos dos produtos adquiridos principalmente pelos
turistas no comércio instalado em lojas físicas ou por meio de ambulantes. Este
lixo se acumula pela falta de conscientização das pessoas e também pela quase
total inexistência de lixeiras, fazendo com que as ruas de Ciudad del Este
sejam uma imensa lixeira a céu aberto. A figura 04 retrata uma das ruas de
maior comércio na cidade.
Figura 04: Rua da quadra 10 em Ciudad del Este. Fonte: Autor.
As questões hídricas são preocupantes, há um sério risco
de doenças, pois não há tratamento de esgoto, sendo que o mesmo é depositado
junto ao meio fio das ruas e acaba penetrando no solo, contaminando assim as
águas subterrâneas e trazendo um mau cheiro para o ambiente. Estas águas
subterrâneas são por sua vez utilizadas para o abastecimento da população e das
atividades comerciais, trazendo assim um risco considerável para as pessoas que
tem contato com a mesma ou que consomem produtos preparados com ela.
O
sistema de drenagem urbana pareceu ser insuficiente, havia poucas canaletas de
escoamento e o meio fio era na maioria das vezes danificado e ocupado por
ambulantes que trabalhavam com ou sem barracas.
Áreas
verdes eram praticamente inexistentes, havia somente uma rotatória com um pouco
de grama muito mal cuidada na superfície, as (poucas) árvores não pareciam ser
alvo de nenhum programa organizado pelos órgãos governamentais, visto que
cresciam em pontos não uniformes e por vezes se misturavam com os cabos e os
“gatos” de energia elétrica. O solo era então muito impermeabilizado,
complicando o escoamento da água para o Rio Paraná.
As ruas
eram na maior parte dos casos estreitas e disputadas por turistas,
trabalhadores e veículos, que trafegavam muito lentamente em virtude do
movimento. No entanto os motoristas paraguaios parecem ignorar a presença dos
pedestres e avançam com os veículos sem se importar com os demais usuários das
vias.
Com
todos estes problemas colocados era de se esperar que os loteamentos pareçam
ter surgido de forma espontânea, não havendo alinhamento predial nenhum.
Com
todos estes problemas, o Paraguai foi de longe o lugar onde as condições
ambientais e urbanísticas nos pareceram mais fortemente violadas, onde o poder
público parece não existir e as vontades das pessoas que lá residem, transitam
e trabalham, parecem se sobrepor em um jogo onde cada um busca impor as suas
vontades. Vale ressaltar que o aspecto visual e olfativo à noite é ainda pior,
com o esgoto formando poças, ruas aparentemente abandonadas e lixo que se faz
ainda mais presente, visto que as atividades comerciais e o fluxo de pedestres
praticamente se extinguiu. É interessante também observar as diferenças entre uma
mesma cidade, que é extremamente movimentada no período diurno e para outra que
parece abandonada logo após o encerramento do expediente comercial da maioria
das lojas, às 18:00.
O
desenvolvimento de Ciudad del Este e do Paraguai tem uma forte relação com o
Brasil, tanto no fluxo de importação e exportação de mercadorias pelos portos
nacionais, quanto pelas relações comerciais que são estabelecidas entre os dois
países. No entanto, a melhoria e a normatização dos aspectos ambientais do
espaço não parecem se dar em conjunto, pois há uma grande discrepância entre
Ciudad del Este e Foz do Iguaçu, como será evidenciado no próximo tópico, onde
a cidade brasileira será caracterizada.
2.1 Ciudad
del Este – Fotos da quadra 10.
Figura 05: Quadra 10. Fonte: Autores.
Figura 06: Quadra 10. Fonte: Autores.
3. Foz
do Iguaçu - análise espacial.
O lado brasileiro da
fronteira é muito diferente do paraguaio. Ainda que conforme nós nos
deslocávamos sentido ponte da amizade, a paisagem fosse cada vez mais tomando
um gradiente rumo à organização de Ciudad del Este, com o aumento do comércio
de rua e as placas de propagandas das lojas que tomavam quase que completamente
a fachada dos estabelecimentos. Conforme uma piada, o prefeito de Londrina,
Homero Barbosa Neto, ficaria louco com a imensa quantidade de propaganda lá
existente.
No resto
da cidade, Foz do Iguaçu nos pareceu muito bem organizada, as ruas eram até
mesmo superdimensionadas, - ao menos para o fluxo visualizado - bem sinalizadas
e com um asfalto impecável.
A cidade
pareceu ser bem abastecida pelas redes de água tratada e esgoto, ainda que
saibamos que uma série de problemas ambientais são existentes, especialmente em
algumas áreas – pelas quais não passamos por motivo de segurança – onde a
pobreza, soma-se a falta de infra-estrutura.
Haviam
algumas áreas verdes, mas com exceção dos parques e museus, nada que nos
chamasse atenção, ao contrário de Londrina, que conta com várias praças para o
lazer da comunidade. A arborização era presente na maioria das calçadas e a
impermeabilização do solo não pareceu ser um problema ao menos no curto período
de tempo que passamos em Foz do Iguaçu.
A cidade
tem claramente as suas atividades voltadas ao turismo, com uma série de
restaurantes, bares e casas noturnas, que vem a somar com as principais
infra-estruturas em termos de atividades turísticas, que são os parques e a
usina de Itaipu que são geridas pelo estado ou pela iniciativa privada e trazem
muitos turistas que impulsionam as atividades econômicas lá desenvolvidas.
Além
disso, havia a presença de uma grande quantidade de veículos automotores de
pequeno porte de luxo com placas do Paraguai, inclusive movidos a diesel. Isto
se deve ao regime tributário – e de lucros por parte das
montadoras/revendedoras – diferenciado, que faz com que este tipo de veículo
fique mais barato para ser adquirido nas terras vizinhas, além de brechas na
lei brasileira que permitem esta ocorrência. Não foi visto também nenhuma loja
de eletrônicos de grande porte, fato este que é explicado pela proximidade com
o Paraguai, que revende estes produtos a um preço muito mais baixo.
Como
afirmado, não percorremos uma grande parte da cidade, no entanto, as partes
visualizadas nos pareceram assim como os parques, muito bem organizadas,
diferentemente da nossa impressão prévia ao trabalho de campo, visto que
comumente a cidade é noticiada como uma das mais violentas do país em virtude
das atividades ilícitas que se desenvolvem não apenas em solo brasileiro.
4. Puerto
Iguazu – análise espacial.
A cidade
tem aproximadamente 35 mil habitantes, sendo também considerada turística pela
grande quantidade de brasileiros que para lá se deslocam. A sua função
turística é complementar à existente em Foz do Iguaçu e em Ciudad del Este,
onde a primeira possui as melhores estruturas para o ecoturismo como no Parque
Nacional do Iguaçu e para outras formas de turismo, como na Usina de Itaipu. Já
no lado paraguaio – ao menos nos aspectos legais - a atração é única e
exclusivamente o preço baixo para as compras.
A cidade
de Puerto Iguazu é um dos vértices da tríplice fronteira entre o Brasil,
Argentina e o Paraguai. A dinâmica da cidade está pautada principalmente sobre
o turismo natural, gastronômico e comercial. Antes da chegada a aduana - local
de cadastro dos estrangeiros que pretendem adentrar o país - se situa um grande
pólo comercial da cidade, o shopping Duty Free, em uma Zona Franca, onde o
regime fiscal é diferenciado. Esse estabelecimento abrange inúmeros
departamentos com produtos importados de diferentes modalidades, sejam eles
cosméticos, bebidas, perfumes, roupas entre outros e apresenta um grande fluxo
de pessoas.
O
shopping apresenta uma infraestrutura chamativa, moderna e com inúmeros
anúncios do que as pessoas poderão encontrar no local, em um forte contraste
com o que foi visualizado na maior parte do centro comercial de Ciudad del Este.
Já o comércio central da cidade de Puerto Iguazu não se mostra com a mesma
estrutura. Apesar de bem organizadas e esteticamente bonitas, as lojas são
simples e sem grandes chamativos, existindo feiras neste meio. Além disso, o
fluxo de pessoas é muito menor.
Os
restaurantes da cidade são um grande atrativo noturno devido à culinária
Argentina, e alguns apresentam boa aparência. Ao anoitecer, o fluxo na
fronteira aumenta devido a esse tipo de turismo, causando até mesmo
congestionamentos de veículos que na maioria dos casos são do Brasil e buscam
no turismo gastronômico algumas opções de consumo mais refinadas do que as
encontradas em Foz do Iguaçu. Existem ainda Cassinos na entrada da cidade,
provavelmente visando os mesmos turistas brasileiros, já que este tipo de estabelecimento
não é permitido no Brasil.
Puerto
Iguazu trás tranqüilidade para os turistas, com um baixo índice de violência e
com as tradicionais opções gastronômicas argentinas, como churrasco, lojas de
vinhos, entre outras.
Como a
cidade é tranqüila, em conversas com o taxista e em leituras prévias do
trabalho de campo, constata-se uma certa presença de brasileiros que lá
residem, buscando o câmbio favorável e a tranqüilidade de uma cidade de menor
porte, que não possui as deseconomias de aglomeração, como custo de vida elevado,
violência e poluição existentes ao nível que foram encontradas em Foz do Iguaçu
e Ciudad del Este.
Como nos
alertado pela professora Márcia, da disciplina Geografia do Brasil,
recentemente, com os fluxos de turistas brasileiros houve um grande crescimento
da cidade, mas que pareceu não ter se dado de forma espontânea, mas sim com o
poder público intervindo para tornar o ambiente agradável para os turistas e
para os residentes.
No
entanto, em virtude do horário da chegada à cidade, o comércio ainda não se
encontrava aberto na maioria dos casos, sendo assim a nossa análise pode ser
feita apenas sobre os poucos estabelecimentos abertos e o fluxo de pessoas nas
ruas.
Figura 09: Apresentação de um dos cassinos de
Puerto Iguazu. Fonte: Autores.
Apesar da cidade de Puerto Iguazu possuir grande
influência na dinâmica da região da tríplice fronteira, a estrutura urbana da
cidade não corresponde a essa importância. Questões como transporte,
sinalização e vias de circulação ainda são precários em alguns casos, como nos
acessos ao centro da cidade.
Figura 10: Rodovia na entrada de Puerto Iguazu. Fonte: Autores.
No centro da cidade aonde se dirige o maior fluxo de
turistas a situação é diferente, lá foi constatado que as calçadas
encontravam-se em bom estado de conservação, o trânsito era tranqüilo e a
violência, pequena. Haviam muitas áreas verdes, em quadras e terrenos ainda não
ocupados pelas atividades humanas e uma grande quantidade de árvores nas
calçadas. A água da população é tratada e a rede de esgoto é crescente.
5. Conclusão.
Este
trabalho de campo foi muito importante para a observação das discrepâncias e
complementaridades da tríplice fronteira, região esta que tem praticamente
todas as suas atividades voltadas ao turismo, oriundas de diferenças históricas
– principalmente de cunho fiscal – que impulsionaram as atividades
desenvolvidas nas três cidades.
Em Foz
do Iguaçu, os parques e a Usina de Itaipu que foram vistos, tinham uma
organização e cuidado que até hoje nunca tínhamos visto em nenhum trabalho de
campo, muito deste fato deve-se à importância que estas estruturas têm não
apenas para a cidade, mas para o Brasil, visto a relevância em termos
energéticos e de beleza natural.
Ciudad
del Este por sua vez mostrou a vocação estritamente comercial, tanto em termos
legais quanto ilegais, visto os problemas de organização e o descaso da
população, dos turistas e do poder público com uma mínima conservação daquele
espaço.
Já
Puerto Iguazu por sua vez apresentou também na função turística o seu mais
importante lado, visto que os cassinos e os restaurantes atraiam um grande
fluxo de brasileiros para aquele lado da fronteira. As três cidades então são
complementares, mas atuam em uma complementaridade que é quase totalmente
restrita às atividades do setor terciário.
6. Bibliografia
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. Acesso em 02/06/2012.
GOMES, Cristiane. LEGISLAÇÃO
AMBIENTAL DO MERCOSUL E A GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NA TRÍPLICE FRONTEIRA.
182 p. Dissertação (Mestrado em Geografia). Universidade Federal do Paraná,
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LAMONICA, M. T; FEIJÓ, C. Crescimento e industrialização
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del Este: notas para uma re-interpretação. In: Seyferth, G; Póvoa, H; Zanini,
M.C.; Santos, M.. (Org.). Mundos em
Movimento: Ensaios sobre migrações. Santa Maria: Editora da Universidade
Federal de Santa Maria, 2007, v.1, p. 287-312.









Grupo 2. Atenção para o mapa das três cidades (Google Maps) para a legenda que não está de acordo com os pontos marcados.
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